Marcos Gimenes Salun
(São Paulo - SP)
Acaso os poetas têm algo não volúvel?
Todo poeta é um momento, e só.
É como a velha máquina fotográfica,
registrando palavras, contudo.
Antes e só, ou depois e junto,
mas sempre e pouco importa,
já que são poetas...
São imagens somente,
de olhos inebriados,
de lentes em grande angular,
de zooms indiscretos,
de instantes, instantâneos
simultâneos sentidos, somente.
Quem dera fossem entendidos,
quem dera fossem aceitos...
Porém, poetas são vândalos,
ébrios esquálidos e taciturnos,
que pelo vício da palavra
são simplesmente eleitos.
Poetas são imagens soturnas,
reveladas em infra-vermelho,
são personagens noturnas,
esquálidas, quase sempre...
Quase nunca os vejo, a não ser
nos lampejos de meus olhos poetas
que escondem e que revelam
imagens, sentimentos e desejos.
Poetas são aquelas visões diurnas,
são flashes de clarear contornos,
espectros anônimos e sonâmbulos...
São vândalos de incitar, morder...
querendo mais do que podem ter,
podendo mais do que são,
e no entanto, apenas fotografam...
E nesse instante são mais que luzes
são mais que tudo e são nada
e são sempre a essência de sua ação,
pois poetas não têm espaço,
poetas não têm tempo,
poetas não têm conjugação...
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